Redescobrindo as Raízes: Uma Jornada às Terras dos Ancestrais – Parte I
Introdução:
Em nossos corações, todos nós temos um forte desejo de nos conectar com nossas raízes e desvendar os mistérios de nossos ancestrais. Recentemente, tive a chance de realizar esse anseio ao fazer uma viagem significativa com meu pai para visitar a vila de minha falecida avó — um sonho que ambos compartilhamos pela primeira vez há mais de 15 anos. Meu pai perdeu sua mãe quando era uma criança, e essa foi a primeira vez que qualquer um de nós pisou na exata terra de nossos ancestrais.
Impulsionados pelo desejo de cura entre gerações e pela sede de conhecimento ancestral, a experiência se desdobrou em uma aventura inesquecível, deixando um impacto indelével em nossas almas e oferecendo valiosos aprendizados que reformularam nossa visão sobre a vida.
Primeiros Passos: Rastreando Nosso Legado
Com informações limitadas transmitidas pelos membros da família, nos foi dado o nome de uma vila situada logo além de Quibocolo, uma cidade pitoresca na província do Uíge, no norte de Angola. Contando com a sabedoria dos anciãos da vila, meu pai buscou o conselho deles assim que chegamos.
Para verificar nossas identidades, meu pai recitou os nomes completos de sua mãe e de seus avós, junto com o nosso "Luvila", um nome sagrado que simboliza a essência das nossas raízes familiares e os valores transmitidos ao longo das gerações. Foi uma experiência autêntica, que saboreei sem a distração da tecnologia, preservando a memória no meu coração.
Na vila, encontramos a anciã mais velha, uma venerável mulher de 115 anos. Com um leve olhar de desespero, fomos contados sobre o impacto devastador da Guerra Civil de Angola, que desalojou inúmeras famílias e dizimou vilas inteiras.
Embora não conhecessem pessoalmente minha avó, a orientação valiosa que nos deram nos levou a entender que havia duas vilas na região com o mesmo nome. A vila dos nossos ancestrais não estava próxima de onde estávamos e só era acessível a pé ou por uma viagem de moto de 2,5 horas, a qual os jovens da vila prontamente organizaram para nós.
Quibocolo, Angola
Chegando à Vila: Uma Jornada que Se Desdobra
Ao nos afastarmos do caminho tradicional, a viagem de moto de 2,5 horas nos proporcionou uma bela introdução à terra que sustentou nossos ancestrais por gerações. Ao chegarmos à vila, fomos recebidos pelo chefe, e nos apresentamos, compartilhando nossa linhagem e o Luvila. O eco dos nomes de nossos ancestrais me deu calafrios, enquanto pensava na conexão que estava sendo feita com o legado deles.
Com corações pesados, soubemos que o tempo e a guerra haviam transformado a vila de nossos ancestrais, deixando-a apenas uma memória. O chefe revelou que as pessoas da vila de minha avó haviam se reacomodado na sua vila, que era onde estávamos.
Ansiosos para prestar homenagem aos nossos antepassados, fomos conduzidos aos restos da vila de nossos ancestrais, a uma curta caminhada de onde estávamos. Lá, no cemitério da vila, realizamos uma cerimônia, honrando o espírito deles e pedindo que mensagens claras nos fossem comunicadas.